quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Psicanalisando

 
                     Há coisas que tenho vergonha de contar a quem quer que seja. Há meia dúzia de pessoas a quem era capaz de contar quase tudo, mas não tudo.
                     Quantas vezes não disse "Não tens que ter vergonha de me contar nada" e estava a ser o mais sincera possível. Não ia julgar os meus maiores amigos se me contassem aquilo que tenho vergonha de dizer e sei que também não me julgariam a mim, mas ainda assim há um rolhão na minha garganta!
                     Adorava deitar-me num divã com um psicanalista absolutamente desconhecido e dizer tudo que me viesse à cabeça e ser "psicanalisada"! Acho fascinante esse conceito de deixarmos um completo desconhecido ver-nos na íntegra, de uma maneira que nem pessoas que passaram a vida ao nosso lado alguma vez viram. Claro que são perspectivas diferentes e indissociáveis, uma objectiva, outra emocial mas adorava ter essa experiência e mais ainda, adorava ler as anotações que surgissem no caderninho do dito sobre as minhas divagações.
                     Não entendo que as pessoas tenham vergonha de ir ao psicólogo. Eu tenho muito pouca fé na psicologia e sei que posso ser crucificada com esta afirmação, mas acho que de facto em portugal ela não funciona da melhor forma. Não tenho dúvidas que existem psicólogos muito competentes, mas realmente a única vez que consultei um para realizar testes psicoténicos de forma a orientar-me na escolha da área no secundário, senti que foi uma absoluta perda de tempo. Não estamos preparados para entender a importância do bem estar mental - estabelecemos prioridades e numa altura em que há tantas restrições, as pessoas negligenciam absolutamente aquilo que não podem ver. É uma pena - acredito que há tantas depressões não diagnosticadas. Qualquer dentista sabe que se tiver uma mulher a partir dos 45 no consultório, é muito provável que da sua medicação constem antidepressivos. Não há dúvida que é a doença do século. Não era óptimo que essas pessoas tivessem encontrado estratégias que lhes tivessem permitido chegar aí sem medicação? Já estou aqui a pensar em acções de sensibilização eheh
 

5 comentários:

  1. O pensamento generalizado é que quem vai ao psicólogo ou psiquiatra, vai porque está maluco. Já ao astrólogo ou vidente ou à bruxa, parece já ser mais bem aceite.
    Assim como se conseguiu pôr a população a usar a reciclagem, também se consegue acabar com esse estigma.

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    1. É verdade... Será que também vão usar macacos nessas acções de sensibilização? ;)

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  2. Mas então achas que devemos ir mais ao psicólogo ou não? Nunca fui a um, diz-me para decidir :)

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    1. Acho que devemos, sem qualquer dúvida, mas parece-me que é um desafio encontrar um psicólogo que nos encha as medidas!

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  3. Ontem nao tive muito tempo. Mas hoje, cm Psicologa e tua amiga, senti-me na obrigação de comentar. Há aqui vários senãos: primeiro, uma coisa é a Psicanálise e outra é a Psicologia em si. São coisas muito diferentes entre si, sendo a primeira uma técnica bastante específica e nem sempre a mais frutífera (NB: Não poderias, em boa prática, aceder às anotações do Psicanalista). Por outro lado, não pretendendo crucificar a tua opinião, acho q um único contacto com um Psicólogo, da área Educacional (do qual eu própria não gostei nem senti q tivesse sido particularmente beneficiada na situação por ti mencionada) não poderá ser a base de descrença na Psicologia. É uma problemática muito grande esta a de que, perante uma má experiência numa determinada área (já que poderemos falar em prática clínica, educacional, organizacional, desportiva, forense, entre outras), surja a tendência falaciosa para um certo desdém e afastamento da importância da ciência; sim, porque não sendo tão objectiva quanto outras, é uma ciência. E provavelmente a q maiores contributos trará nestes próximos anos que se avizinham. Por último, a Psicologia vai muito além das depressões e do cliché do senhor sentado a tirar anotações com o paciente/cliente deitado a falar e eu terei todo o prazer em desmistificar-te essa ideia, hoje em dia, algo ultrapassada. Obrigada por teres falado nisto aqui, pode ser mais um "empurrão" na abertura e aceitação! :)

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